sábado, 16 de dezembro de 2017

O que fazemos no intervalo


Minha mãe nunca teve uma saúde forte, talvez para contrastar com a fortaleza de sua vontade. Era determinada, controladora e teimosa. Em 1996, ela sofreu um AVC. Achei que era o fim. Foi um momento difícil e contra todos os prognósticos, ela melhorou. Retomou sua vida, e nem parecia que tinha tido algo. Mas no decorrer dos anos, muitos outros AVCs viriam. Até o último. Nessa semana, ela passou mal e foi internada na UPA. Ficou lá por alguns dias e hoje, de manhã, seu espírito deixou o corpo e rumou para novas aventuras. 



Tudo isso aconteceu em meio a entregas de pacotes, encomendas, bônus, 13 Dias de Magia e workshop no Rio de Janeiro. Foi uma semana muito difícil, e amanhã, 2017 se despede do jeito que chegou. Com lágrimas.

Por tudo que eu sei da espiritualidade, por todas as mensagens que recebo dos meus amigos do Alto, eu sei que nossa alma é imortal e que essas despedidas, apesar de dolorosas, são necessárias para nossa evolução. Eu sei que no plano espiritual nós nos encontraremos de novo. Eu sei de tudo isso. A pergunta que fica é:



O que fazemos no intervalo?

Bem, eu acho que posso tentar responder isso... Nós damos espaço para a dor se transformar em saudade. Nós nos sentimos gratos por termos conhecido aquela pessoa. Nós celebramos o tempo que tivemos contando histórias sobre ela.

Sim, minha mãe foi determinada, controladora e teimosa. Nem sempre foi fácil entre nós. Mas ela também foi a responsável eu ter tido uma educação de qualidade. Foi por causa dela que me formei professora de inglês aos 16 anos. Foi ela que me levou a todos os concursos de beleza, cursos de desenho ou qualquer maluquice que eu quisesse. Ela me ensinou a ter caráter e ética, a brigar quando fosse injustiçada e nunca aceitar que tirassem o que era meu. Sinceramente? Minha mãe era carne de pescoço. E eu também!

Eu agradeço a todos que mandaram mensagens carinhosas. Não há nada o que fazer nesse momento. É deixar as lágrimas rolarem, porque a saudade é inevitável. Mas agradeço o tempo que me foi dado com ela, o aprendizado, o carinho e as lições. O intervalo é de boas lembranças. É com elas que lágrimas viram saudade na certeza de que essa despedida é, na verdade, um até logo.


Para quem desejar se despedir, o funeral será amanhã às 13:30 no Cemitério da Solidão, em Belford Roxo. O enterro será às 15:30.






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